A ARTE NA RUA

O que eles acham!

Edvando Luiz Castro Pinto (Tucunaré), coordenador do Projeto Graffita Salvador

"O trabalho que você está fazendo eu acho muito bonito. E é preciso. Porque você vai registrar. Vai ficar aí para todos verem. Um trabalho aberto para o público. Você vai ter a oportunidade de escutar vários grafiteiros (ex-pichadores), além de outros com mais experiência do nosso projeto. Para você sentir também o que mudou na vida deles. A arte está na cabeça dele. A inteligência está na cabeça dele. A arte e o desenho. Mas buscar e tirar de onde veio para o que está sendo hoje. Isso é uma coisa muito boa. Você vai comprovar que melhorou a qualidade de vida, principalmente dos ex-pichadores. Inclusive para que a população saiba dessa mudança. Você vai ouvir histórias muito bonitas de pais que ficaram felizes com as transformações de comportamento e de caráter desses meninos".

Leonel Mattos, artista plástico

"O seu trabalho é maravilhoso. Vejo também que tem outras pessoas interessadas. O projeto que está na rua, as pessoas estão antenadas, e fatalmente esse trabalho seu vai ser um registro maravilhoso, porque muita gente não tem esses registros e eles se acabam. As pessoas acham que está bonito. Eles se acabam e não tem a preocupação de resgatar a nossa história. E fazer ela. É com esse tipo de trabalho seu que se registra a história. Tudo é efêmero. Depende como você cuidar. De repente, o trabalho é de material perecível, mas se cuidar bem vai durar".

Miguel Cordeiro (Faustino), grafiteiro, músico-compositor e artista plástico

"Muito interessante. Interessante, velho, o seu trabalho. Porque não deixa de ser um regate disso aí. É o que eu acho... O que me incomoda, na verdade, é que a nova geração daqui da Bahia, o pessoal daqui não tem interesse nenhum em saber das coisas. Isso é que é o pior! Então, eles não sabem por exemplo: vou tirar Faustino da parada. Eles não sabem o que foi de U.P.I., eles não sabem o que foi de Kaos, eles não sabem o que foi de Madame Mim, não sabem o que foi de Mancha. Eles não sabem, velho! Eles não se interessam! Essa coisa da internet tá na mão, ao mesmo tempo não dá, não diz nada. Considero que esse tipo de resgate é muito interessante".

Daniela Morozini, artista plástica

"Acho bacana fazer parte do seu projeto. Da sua exposição. Já me reconheço como artista e certamente as pessoas passarão a me conhecer como artista. Esse status me agrada muito. Isso já me faz muito satisfeita com o meu trabalho, com a minha pintura. Já é um começo daquilo que estou idealizando, batalhando para conquistar. Acho louvável, muito bom, bacana, e fico muito feliz de ter sido convidada. Espero que todas as pessoas recebam bem a idéia e, com certeza, vão apreciar com muito carinho. É um trabalho elaborado. É muito difícil reunir todo mundo. Artista é complicado. Achar todo mundo. De se dispor. Doar para produção. Formar um projeto, um trabalho. Materializar a idéia, é complicado".

Pinel, grafiteiro do EGS

"Acho importante esse trabalho de resgate, de arquivar, de retratar, de guardar isso. Porque têm muitos pontos negativos do que a gente fez que era pichar. Acho que nenhum pichador ou grafiteiro, hoje, jamais ia imaginar de chegar onde chegou. Tem o Projeto Graffita onde a gente recebe pra fazer. Antigamente a gente apanhava porque fazia pichação. Que esse trabalho não seja feito só por você, mas que outras pessoas tomem a iniciativa, e vejam isso como o lado bom, o lado artístico. Que isso não seja só uma coisa que passou, um fenômeno que aconteceu. Aqui em Salvador, já teve gente de vários estados: Rio, São Paulo e Minas vendo os nossos trabalhos. Como temos muito acesso à internet, sentimos que as pessoas não acreditam que aqui se faz esse tipo de trabalho. Vou ficar muito feliz em prestigiar a sua exposição".

Sank25, grafiteiro da Nova10Ordem

"A sua exposição é uma idéia muito boa. Vamos mostrar para o público o que a gente faz no cotidiano. As pinturas. Como a gente se expressa. Por aqui, eu nunca vi uma exposição de pichações, grafites e bombardeios".

Thito Lama, grafiteiro do MRS

"O seu trabalho, na realidade, é uma demonstração do que é o grafite, do que é a pichação. E também o que é a arte. Eu acho muito bom esse trabalho seu. Você está mostrando a cara da juventude grafiteira de Salvador e mostrando para todas as classes, porque várias classes vão ver a exposição. E isso, com certeza, vai quebrando até o conceito de muitas pessoas que ainda não entendem, têm preconceitos. Ainda vêem o grafite como uma arte de vandalismo, por não ter um estudo, por não ter a consciência do que é o grafite. Com esse material que você está preparando, sei que vai ter uma repercussão melhor, para as pessoas verem o grafite com outros olhos. Apesar de que muitas já estão observando. A cidade está bonita! E pra mim, é ótimo! Saio do anonimato também".

Ademar Galvão, artista plástico, administrador de empresas, engenheiro civil e proprietário da galeria Arte Viva

(15/02/2007)
"Eu acho esse trabalho que você está fazendo de extrema necessidade. Um trabalho belíssimo, que vai ter uma repercussão muito grande. Porque você está conseguindo fazer um registro. Você está conseguindo organizar toda essa estrutura e registrar. Porque esse é um trabalho de difícil registro. O grafismo, quando é colocado numa via pública, no outro dia não se sabe se ele vai estar lá. Às vezes, o muro é consertado, foi destruído ou um pichador que passa por ali destrói aquela obra de arte. Então, se você consegue registrar isso, trazer esses depoimentos, trazer essas explicações, toda essa coletânea, você consegue ter sucesso no seu projeto. Então, você se torna um curador de uma exposição ao ar livre. A importância da curadoria numa exposição é fundamental. Nesse momento, você está se tornando um curador. Você está escolhendo o que vai colocar. Está catalogando tudo isso. Está formando sua exposição através desse registro".

Bel Borba, artista plástico

"Além da qualidade, o projeto que você vem desenvolvendo, independentemente da qualidade do registro, eu acho interessante a contribuição com a memória. Claro! Tem a parte artística que é a própria ação de fotografia. Isso é bacana! A composição e a própria ação. Isso é o lado artístico. Mas isso já é louvável. Você está de parabéns! Mas o que eu acho que é o enfoque maior para mim e que é mais importante para o o mundo, para cidade, para o país, é você registrar a cara da cidade. Isso é uma maneira que se tem de registrar o nosso tempo. É a cara da cidade e de um povo. Então, isso é um dos meios que se tem. Esse projeto seu é um dos meios que se tem para registrar essas coisas".

Eder Muniz, grafiteiro da Calangos de Rua

"Você me falou que vem registrando já há algum tempo. Quero dizer pra você uma coisa: eu acho que o seu trabalho vem reconhecer o nosso trabalho. Eu acho que a arte gera arte e fico lisonjeado de saber que tem uma pessoa que vem acompanhando a arte de rua. Sabe que é uma arte popular. É uma arte que vai para o povo mesmo. É difícil um cara ir numa galeria, mas é fácil o cara trabalhar e ver a arte na rua. E você valoriza isso, reconhece o artista de rua. Tenho prazer em estar aqui conversando com você. Esse reconhecimento por sua parte é muito importante".

Denis Sena, artista plástico e grafiteiro

"Pô! Belíssima exposição, velho. Feita dentro de um shopping que é bastante concorrido. A estética, a cronologia, achei perfeita, achei 10. Poucas exposições sobre grafite que eu vi tinha uma ordem cronológica. Abrindo com Miguel Cordeiro "Faustino" até os artistas atuais. Só têm duas exposições que me amarrei: foi a sua e a de Carol Garcia. Ela fotografou o dia-a-dia dos meninos. Achei muito legal! Pode valorizar o trabalho dos artistas. Não só do grafite, mas, também, a linguagem do grafite. Pô! Várias pessoas e perguntavam: já viu a exposição, já viu a exposição? Me amarro em fotografias, porque é plástica e efêmera. E você perpetuou meu irmão! Por exemplo: as obras de Miguel Cordeiro não existem mais. E o que você fez ali, velho, tem um valor fantástico". Vi os trabalhos de Bel, merecido. Ele faz grafite. Mosaico é grafite. Claro que é uma técnica diferente e dura, muito mais que o spray.

Isa Moniz, artista plástica

"Achei genial a localização, entendeu. O fato da exposição ser no Shopping Iguatemi. Você fez uma boa abertura e uma mostra muito bonita. O trabalho em si. A arte na fotografia como você apresentou. Me referi a localização, porque foi uma provocação no bom sentido. Uma espécie de um balanço que se dá no meu povo da classe média. Não estou falando do baiano em geral, não. Precisa o pessoal aprender a respeitar os valores, seja lá aonde eles estejam, não só os nomes badalados etc".

Deng, grafiteiro

"Eu fiquei muito emocionado. A gente que faz o "bombardeio", luta muito para ser reconhecido. E aí, quando me disseram que tinha um trampo meu no Shopping Iguatemi, não acreditei. E fui para conferir! Quando vi, fiquei mais emocionado. Tem um trabalho meu. Fiquei alegrão. Ali na sua exposição, Paranaguá, você mostrou uma coisa que muita gente não consegue ver com bons olhos, e sim com olhares negativos. Vê o grafite e o "bombardeio" como pichação. E ali você informou que não é nada disso: é uma arte. E que tem muita gente com capacidade. Eu gostei da exposição. Foi demais!".

Tucunaré




Leonel Matos

Faustino


Daniela Morozini


Pinel



Sank25
Thito Lama

Ademar Galvão






Bel Borba


Eder Muniz


Denis Sena



Isa Moniz

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